Todos os dias, a comunicação social nos enfia pelos olhos dentro o horror da guerra, da violência gratuita, da miséria, da intolerância. E sim, elas existem.
Mas também existem maravilhosos exemplos de luta pela Paz, de tolerância, de compaixão.
E esses exemplos não nos são introduzidos pelos olhos dentro. Porquê?
Por não terem audiências ?
Andarão os jornalistas em modo automático para encontrar somente o que de terrível se passa ?
Outros interesses serão mais poderosos, talvez.
Desviam-nos a atenção .... cegam-nos o coração, envolto nas correias do medo.
Eu acredito que quanto maior for a atenção dada aos assuntos, mais força eles adquirem.
Porque não alterar o enfoque das nossas preocupações ? Dos nossos desejos?
E se em vez de sermos contra a guerra formos a favor da Paz? Fará diferença? Creio que sim...
E se em vez de sermos contra a intolerância, formos a favor da compaixão ? Resultará?
Não sei .... mas o método actual de sermos contra isto, ou contra aquilo, não está a resultar.
As nossas preocupações e medos agigantam-se.
Como disse Madre Teresa de Calcutá:
" Se me convidarem para uma marcha contra a guerra não irei. Mas irei se for uma marcha a favor da Paz."
Proponho que, no novo ano que se aproxima, tentemos inverter os nossos pensamentos e acções.
Proponho darmos força à Paz, à tolerância e à compaixão.
E para nos inspirarmos, partilho o vídeo da ONG Women Wage Peace.
Mulheres de todas as religiões que se uniram em prol de um objectivo comum - a Paz.
Delas não se fala, apesar de organizarem caminhadas onde comparecem aos milhares ....
Não se escrevem artigos, nem se fazem documentários.
Os seus vídeos não se tornam virais.
A todos desejo um ano novo. Novo em vários sentidos ...
Eu costumo dizer que o amor também se cozinha. E que cozinha também é amor.
Não sei se tenho razão ....provavelmente não.
Como neste Natal não deixei a azáfama da época para a véspera, tive oportunidade de me sentar calmamente,
apenas a observar a azáfama dos outros.
E pareceu-me que os afectos se demonstram pelo tamanho do preço da prenda.
Senti-me estranha, deslocada, ....e preocupada.
Será que os meus amigos gostam das caixas de madeira que pintei com as minhas próprias mãos e enchi de chocolates? E as bolsinhas de crochet feitas nos minutos que se roubam ao tempo de sono ?
Acho que sim, que gostam. Não da prenda em si, mas de eu ter dedicado aquele tempo só para eles.
De naquele momento em que segurava o pincel, ou as agulhas e a lã, os meus pensamentos estarem só com
cada um deles.
Então corri para a cozinha, levei os meus pintainhos e fui cozinhar amor : bolachas de canela, gengibre e boas energias. Decoradas com pasta de açúcar e carinho. Embrulhadas em abraços.
Algumas já foram entregues a pessoas especiais, outras ainda estão à espera desse encontro.
Peço que me desculpem a falta de cuidado na escrita e na pontuação. Na fraca selecção de palavras bonitas e "caras". As fotografias desfocadas..... Mas tenho coisas muito importantes para fazer :
tenho de ir abraçar a minha família e os meus amigos.
Um Natal mágico para todos !
E não se esqueçam de cozinhar os vossos amores .....
Nos dias que correm, depressa demais, as pessoas cruzam-se, olham-se e não se vêem. Ouvem-se mas não se escutam. O tempo parece que nos foge, como grãos de areia entre os dedos, como nuvem que se desvanece pela força do vento. É o que dizem .... aqueles que não vêem e não escutam. Não posso concordar! Recuso-me a dar à negatividade a importância que lhe serve de combustível. Sim, há muita violência, intolerância, doenças, consumismo, inversão de valores ... há. E é isso que, todos os dias, nos entra pelos olhos dentro.
Mas existe opção. Porque não procurar na rua sinais de bondade e solidariedade?
Em tempo algum da nossa história existiu época em que se sentisse um tão intenso despertar do ser humano. Tantas são as pessoas que se unem e organizam para fazer o bem a outros. Não conheço outro período em que as pessoas se manifestassem com tanta convicção contra a injustiça, a discriminação e a desigualdade. Muitos são os seres humanos que fazem da solidariedade o seu propósito de vida. Então porquê o enfoque no mal? É que para fazer o bem, não é necessário integrar uma organização internacional de ajuda humanitária, ou ser voluntário, ou sair à rua em protesto (a quem estou profundamente grata e reitero a minha admiração). Pode-se melhorar o dia de alguém com pequenos gestos, simples e gratuitos. É o que fazem os heróis anónimos, dos quais nunca ouvimos falar. Como os reconhecemos na rua? Fácil, são aqueles/aquelas cujo coração é uma lâmpada. Iluminam tudo por onde passam, longe das luzes da ribalta. Não são nem nunca serão famosos. Serão "apenas" felizes .....
Vale a pena ver o pequeno vídeo que se segue, se querem ver o que é ter coração de lâmpada.....
Hoje apetece-me partilhar convosco a Fábula do Pirilampo e da Cobra. Gosto muito de fábulas. Têm o poder de nos transmitir coisas sérias, coisas de adultos, de uma forma tão simples, infantil, ingénua até.
E gosto desta fábula, em particular, porque me fez perceber (embora tardiamente) que, às vezes, muitas vezes, não vale a pena tentar compreender e justificar a conduta de algumas pessoas. Quase todos os indivíduos foram sujeitos a acontecimentos menos bons, alguns terríveis mesmo, que os marcaram, os fizeram sofrer e até os tornaram menos humanos. Alguns ficaram doentes, desapossados do sentido crítico e da capacidade de distinguir o bem do mal.
Mas deixemo-nos cá de tretas, e de teorias formuladas à luz do luar que torna tudo mais bonito. Há pessoas que simplesmente são más porque sim !
A Fábula do Pirilampo e da cobra...
Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo que só vivia para brilhar...! Ele fugia rápido com medo da feroz predadora, e a cobra nem pensava em desistir. Fugiu um dia e nada. ela não desistia, dois dias... No terceiro dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra: - Posso fazer-te três perguntas? - Podes. Não costumo abrir esse precedente para ninguém mas já que te vou comer, podes perguntar. 1. Pertenço à tua cadeia alimentar? - Não. 2. Fiz-te alguma coisa? - Não. 3. Então porque é que me queres comer? - PORQUE NÃO SUPORTO VER-TE BRILHAR!!!
Há 12 anos atrás vivemos um dia muito triste. Partiste ... ficámos sem ti. Que falta fazes .....
Nós chorámos a tua perda, sofremos pela tua ausência e erguemo-nos de seguida.
Hoje, venho contar-te como temos sido uns guerreiros. Espero que te orgulhes de nós.
O Kike é um rapaz bonito, bem formado, carinhososo e joga ténis (seguindo o teu vício) Ah! E também toca bateria (agora a sala está mais pequena).
A Pombinha continua aquela coisa fofa que tu seguraste à saída da sala de partos. Miúda de bons princípios, sensível, mas também refilona (não suporta injustiças). Toca piano (mais um cantinho roubado à sala) e canta .... muito!
E são muito amigos, como tu gostarias que fossem.
Eu e o Pedro continuamos um "casal bonito", como nos apelidaste. Há até quem, em tom de brincadeira, nos chame de "casal maravilha".
Somos uma família feliz !
Bem sei que me fizeste prometer que ia manter toda a família unida (mantém os elos da cadeia todos ligados, nãodeixes que nenhum se parta - jamais esquecerei estas tuas palavras ). Falhei. Desculpa-me. Eu tentei. Tentei tanto, tanto, até à exaustão. Até me faltarem as forças .... Mudei-me, virei-me do avesso, mas não consegui. Tresmalharam-se.
Desisti .... Decidi manter íntegra esta cadeia de 4 elos. E consegui !! Devias ver como nos divertimos juntos. Conversamos, rimos, discutimos e acabamos sempre a combinar a próxima palhaçada !! Como os pequenos tocam e cantam juntos ao serão.
E falamos de ti, sempre. De como aquecias as laranjas no micro-ondas e comias castanhas com manteiga. Rimos das tardes que passámos a ver o TOM & JERRY. Nunca deixei que o Henrique se esquecesse de ti (como se fosse possível). A Pombinha conhece-te como se tivesse usufruído da tua companhia anos e anos.
Se puderes, vai olhando por nós, como fizeste em vida.
Desde cedo, o impossível foi suprimido ao meu já parco dicionário de criança.
Sendo bisneta de um invisual que criou cinco filhos, e filha de um pai portador de deficiências congénitas, com uma carreira muito bem sucedida na Administração Fiscal, depressa aprendi, pelo exemplo, que as dificuldades estão dentro de nós. Aprendi que, se nas nossas entranhas existir a vontade de fazer ou de alcançar algo, acontecem milagres.
E na minha inocência infantil, eu tinha a certeza de que todos tínhamos as mesmas oportunidades e que ninguém ligava ao supérfluo. Que só contava o carácter. Até porque lá em casa, no Natal, davam-se presentes aos senhores que recolhiam o lixo. E o senhor que tratava do jardim almoçava na sala connosco.
E era óptimo, porque o meu grupo de amigos era o mais heterogéneo que se possa imaginar. Ora, pois, o que interessava era mesmo se eram meus amigos, e eu deles.
Mais tarde, mesmo muito mais tarde, percebi que no mundo dos adultos nem sempre é assim. Dura aprendizagem. Mostraram-me que há quem pense que, tal como os cães, os homens e mulheres podem ter pedigree. Este pedigree não tem que ver com o tipo de pelo, focinho comprido ou achatado, orelhas caídas ou espetadas..... Tive dificuldade em assimilar o conceito de pedigree humano. Depois percebi. Depois de me fazerem sentir o que é não ter pedigree, percebi que o pedigree é mais ou menos um certificado de qualidade. Assim, o pedigree garante a qualidade da pessoa sem necessidade que ela se mostre, tipo qualidade certificada inquestionável.
Por comparação, para mim o pedigree humano funciona mais ou menos como as embalagens comerciais bonitas, estilizadas, de uma opacidade escura. Deste modo, o consumidor compra, mas só conhece o conteúdo depois de abrir a embalagem.
Fiquei confusa com esta realidade. Eu que sempre fui espontânea e transparente, demais, talvez. Mas para que queria eu uma embalagem opaca? Não tinha nada a esconder !! Mais a mais, essa minha transparência nunca me impediu de atingir as minhas metas, fui aluna de excelência, recebi prémios de mérito, ....
Então, orgulhosa da simplicidade dos meus dias, das minhas amizades e dos meus amores, gritei alto, tão alto quanto a voz me deixou : " Sou rafeira, não tenho pedigree !! ".
Desde que a vida me deu dois ou três pontapés, daqueles de doem, fiquei diferente. Principalmente quando são daqueles pontapés acompanhados de rasteiras, em que caíamos e podemos demorar a erguer. Ou nunca. Passei a valorizar os dias que me são oferecidos, a abraçar o privilégio de viver com saúde e rodeada de quem se gosta.
Este ano, e porque fui presenteada com mais um pontapé, fui de férias ainda mais grudada nos momentos e nas pessoas. E fui sem saber se era apenas uma rasteirita, daquelas que dá para continuar só com os joelhos esfolados, ou daquelas em que se vomita e nos cai o cabelo.
Fui ainda com mais vontade, e mais feliz. Quis aproveitar tudo .....não se sabe o dia de amanhã....
E logo no primeiro dia de férias, foi-me dada a conhecer uma jovem de vinte e poucos anos. Bonita, morena e de sorriso fácil. Ria muito, abraçava mais ainda e passava o dia a dar pinotes. E fazia quimioterapia, lutava contra um cancro há oito anos. Punha extensões no cabelo e atava-o com fitas, ninguém notava que todos os dias lhe caía mais um pouco. Vomitava escondida entre as sebes floridas.
Nos dias seguintes em que lhe admirei a coragem, talvez até tenha sentido um pouquinho de inveja da leveza com que dava pinotes, eu soube que a minha rasteira era muito mais pequena que a rasteira dela. A minha só esfola os joelhos .....
E senti-me grata... Também me senti minúscula perante a grandeza daquela jovem.
Deixei-lhe algo meu e selámos a nossa amizade num abraço terno de despedida.
Por todo o lado se levantam vozes contra a evolução tecnológica, alertando para os malefícios pessoais e sociais do uso de novas tecnologias, designadamente das redes sociais. Com razão, algumas dessas vozes.
Porém, eu prefiro adoptar uma postura um pouco diferente. A vida é um bocadinho como jogar às cartas: temos que jogar com as cartas que nos sairam, sejam boas ou más, com trunfos ou sem eles.
A tecnologia entrou nas nossas vidas e rotinas e é com essa realidade que temos de jogar. Não adianta fugir dela ... está em todo o lado.
Portanto, há que aproveitar as coisas maravilhosas que a tecnologia e as redes socias têm para nos oferecer. Elas afastam as pessoas se deixarmos, eu reencontrei pessoas que foram muito importantes na minha vida e das quais tinha perdido contacto. Fiquei a saber que as minhas colegas de faculdade estão lindas, que mudaram os seus percursos (para melhor) profissionais e pessoais. Posso diariamente acompanhar amigos que a distância mantém longe mas as redes sociais tornam vizinhos.
E quanto às crianças, também a tecnologia, a internet e as redes sociais trazem coisas boas ( e más também, como tudo). Consigo conhecer todos os amigos dos meus filhos, ainda que alguns só on line. E, sempre é melhor seguir-lhes o perfil on line do que não os conhecer de todo !! E sim, a tecnologia aproxima-me dos meus filhos. Quando preciso da ajuda deles para editar uma foto, para alterar a definições, para procurar uma música no youtube e acabamos por ouvi-la juntos.
E esta fotografia que hoje aqui partilho, não é mais do que o exemplo de que a tecnologia pode promover momentos de convívio real. Pois, num dia de chuviscos que desmotivava qualquer ida à praia, passei uma bela tarde a aprender a editar fotos no tablet da minha filha, tendo-a a ela, a meu lado, muito atenciosa para esta sua aluna. E rimos com as perucas e com os óculos. E mostrámos ao pai e ao irmão, que se juntaram à palhaçada a ver qual de nós alcançava a fotografia mais ridícula !!
Quem afasta as pessoas não é a tecnologia, ela é apenas o bode expiatório para corações que há muito estão separados...
Bem sei que não tenho dado notícias. Não me esqueci, não desisti ... . Apenas não consegui escrever nestes últimos tempos, tamanho o turbilhão de pensamentos e emoções que tenho vivido. As férias, para mim, constituem sempre uma época de grandes aprendizagens. Não falo de aprendizagens culturais (apesar de também as viver em grande escala). Falo de aprendizagens do coração. Uma das coisas que muito aprecio nas férias é ter tempo e predisposição para ficar a observar. Observar coisas e pessoas, a forma como se relacionam, como se acarinham, como se suportam e até como se zangam. Este ano, em particular, foi especialmente rico em episódios diferentes (bons e maus) que me fizeram pensar e repensar. Precisei de tempo para assimilar, sistematizar e consolidar tantas lições.
Hoje o tempo apela à introspecção. Destapando, um pouco mais, a janela do meu ser, partilho esta minha pintura. De fraca qualidade técnica, mas, para mim transbordante de significado. Lembra-me os dias felizes que passei, tempos vão, no Alentejo. Dias tão simples, tão simples, que quase se chega a dizer que não se fazia nada. Mas fazia, mesmo ! Foram dias passados com pessoas especiais que o tempo levou. Cedo demais para ele. Cedo demais para nós. Mas o tempo não o levou só a ele, levou com ele tudo aquilo que dava, que ensinava, que representava,... Talvez não, nem tudo. O que ensinou, nos corações cá ficou. Estou grata pela oportunidade que tive de viver esses dias ....