Rabiscos do quotidiano (à porta do hospital)
Hoje, conto aqui uma das muitas lições de vida que, generosamente, recebi dos meus filhos. Era a primeira das muitas consultas médicas que a minha filha viria a ter nos Hospitais da Universidade de Coimbra. Tinha, na época, uns singelos 7 anos. Ao chegarmos à entrada do hospital, vimos alguns doentes, vestidos de pijama e roupão a fumar o seu cigarro.
Eis que a pequenita, com a convicção que lhe é característica, afirma : - Sabes, mamã, estas pessoas que tu vês aqui à porta a fumar não se sentem bem nas suas casas. Sem entender muito bem o ponto de vista dela, perguntei-lhe: - E porque é que dizes isso?. E, foi aí, que recebi da minha filha, uma inesperada resposta/prenúncio: - Isto é assim, mamã. As pessoas que gostam muito das suas casas, querem voltar para lá. Se estas pessoas quisessem ir para casa, esforçavam-se para ficarem boas depressa e não fumavam. Se fumam, já sabem que vão ficar aqui para sempre ! Nunca mais de cá saiem ...
E pronto, enfiei a viola no saco e prosseguimos para a consulta. Mas nunca mais me esqueci deste episódio.